Prefácio José Benicio
Outros, 2014
Em fevereiro de 2014, escrevi uma mensagem ao poeta José Benício com as seguintes palavras: “gostaria de ter ao menos cinco amigos como você”, o que é o assunto deste prefácio. No livro “Folhetins”, escrevi sobre a poesia do poeta; hoje, escreverei sobre o poeta da poesia.
José Benício me havia dito que estava pronto para publicar o seu quinto livro e a minha admiração por ele só pôde aumentar. Estamos vivendo uma era carente de poesia e é bom saber que as musas não nos deixaram em paz. Fiquei surpreso ao ser convidado de novo como prefaciador – sei que ele conhece outras pessoas dignas de tal rolo –, mas, ao mesmo tempo, aceitei esta nova oportunidade com unhas e garras, com medo de ele ou eu acordar.
Tenho conhecido quatro tipos de artistas durante a vida:
1. Aqueles que não têm talento nem tempo disponível;
2. Aqueles que não têm talento, mas que têm tempo disponível;
3. Aqueles que têm talento e tempo disponível;
4. Aqueles que têm talento, mas que não têm tempo disponível.
Sobre esse último tipo de artistas, ainda posso dizer que está dividido em duas partes: uma maioria e, logicamente, uma minoria; “Aqueles que não realizam” e “Aqueles que realizam”.
IF ELSE DO WHILE. Matemático, não? Bom para um programador de computadores.
Pois bem. José Benício faz parte dessa minoria. Ou seja, ele está entre os 10% dos artistas que tenho conhecido durante a vida. Ele é um artista que tem talento, não tem tempo disponível e que realiza. Arranje-me mais quatro amigos assim e prometo que serei mais otimista.
Não é que lhe seja difícil fazer parte desse grupo. José Benício escreve poesia com facilidade, como quem respira. Ele acorda pensando em rimas, constrói estrofes durante a manhã, almoça quartetos, termina o dia com versos e vai para casa de soneto.
Hoje, sou pai, e aquilo que eu mais desejo é que meu filho se inspire nas realizações de artistas como ele.
Com este quinto livro, José Benício continua a sua busca, apesar de já ter encontrado aquilo que tem buscado. Os seus assuntos se ampliaram, a sua técnica se apurou e a sua ousadia ficou ainda mais ousada, mas José Benício não pode voltar mais atrás. Ele já entendeu que a poesia não está escrita nas estrelas, mas nos olhos daqueles que as catam.
Obrigado, meu amigo, pois você contribui para que este mundo seja um mundo melhor. Há constelações que não podem ser vistas sem a ajuda de certos telescópios, e você nos tem ajudado a ver longe, através de suas próprias lentes.