O erro

Textos antigos, 2011

Cometi um erro, e um erro, substantivo que representa o ato de errar, será para sempre um erro. Por mais que você tente consertá-lo, diminui-lo, esquecê-lo, ele será – talvez seja um erro repetir – para sempre um erro.

Terrível ideia…

Perdoem-me, mas não vou falar sobre o acerto. Apesar de este substantivo sofrer do mesmo mal, ele é esquecido com mais facilidade, por mais que isso seja outro erro.

Mas os piores erros são aqueles que podem surgir dos pequenos erros, segundo a nossa relação com os mesmos ou dos terceiros envolvidos. No primeiro caso, temos como costume remoer acontecimentos através dos anos, julgando-nos com impiedade quando, muitas vezes, os outros já nem se lembram do sucedido. No segundo caso, recebemos como praga frases do tipo “que decepção, eu jamais esquecerei o que você fez” e nos aprisionamos a uma infelicidade eterna absurda, quando aquilo que estão tentando fazer é nos ligar a um sentimento implacável de culpa; às vezes, conseguindo.

Na solidão de seu quarto, abra seu coração, conscientize-se do mal que possa ter feito e esteja disposto a responder pelos seus atos (não sou eu quem vai dizer se você errou ou não). A liberdade começa aí. Se tiver a possibilidade de amenizar uma dor, voltar atrás, fazer as pazes, não perca tempo, mas, se é tarde demais para desmanchar o que foi feito, não se martirize, melhor sorte na próxima vez. É bastante conhecido o aforismo: “errar é humano, persistir no erro é burrice”, mas quantas vezes ouvimos esta frase sem meditarmos construtivamente sobre o seu significado, que só não erraremos de novo se transformarmos as experiências passadas no alicerce de nossa sabedoria futura? Aprenda com o que aconteceu e cresça, diminua o número de tropeços, mas, sempre que você cair de novo, porque você vai cair de novo, levante-se, sacuda a poeira e volte a andar. Não esmoreça! Nunca deixe de caminhar por causa de ideias destrutivas de que você não é bom o suficiente ou que você nunca fará nada direito. Acertar é humano. Acredito, se tentarmos, que o ser humano é capaz de cometer grandes acertos – e melhor remédio contra os erros não há.

Sobre os erros dos outros: o ser humano está cheio de defeitos e qualidades, então, tiremos daí duas lições: 1 – Não julguemos os defeitos de ninguém para que a gente não admita que nos julguem e 2 – que a gente sirva de exemplo para os outros com os nossos acertos. Aprender é mudar, disse o Buda, e se você acha que não tem nada para aprender nessa área discutida, bem, então esqueça o que você leu. Faça melhor! Considere que eu cometi um grave erro ao escrever esse texto, já que os erros existirão para sempre.