Bye Bye Johnny
Bonjour Brasil, 2012
Eis o inverno de nosso contentamento…
Após cinquenta anos de carreira, Johnny Hallyday despediu-se dos palcos.
Roberto Carlos comemorou meio século de Jovem Guarda.
Triste por ver que a festa estava chegando ao fim, Michael Jackson morreu, aos cinquenta anos de idade.
Não vi o Johnny nem o Rei, mas vi os fogos de artifício a partir da ponte Richard, digo, Alexandre III. Meia hora de cores e explosões que partiram da própria torre e também do meu bolso, para comemorarem cento e vinte anos com estilo e com uma pergunta musical na cabeça de todos: quem virá a seguir, para ocupar o lugar vazio?
The rock is dead e the dream is over. Henri Salvador, o avô da Bossa Nova, assistiu a tudo isso a partir do Père-Lachaise, e estamos ficando com demasiado espaço livre no disco do nosso computador. E não adianta comprar CD original, não adianta nem mesmo fazer download ilegal, o passado é conhecido, e o futuro eu quero ver, pois fazer o Moonwalker não vai trazer de volta o que tivemos de bom nos últimos 50 anos.
E que não venha alguém tentando copiar os ídolos de até então, que não apareça um gajo à minha porta com as mesmas três notas, escalas, ou com pequenas rimas. Nas rádios, é raro escutar algo revolucionário, e continuamos precisando de um som novo, de algo que rompa com tudo e que esteja preocupado em dizer que Liberdade, Igualdade e Fraternidade não é apenas um slogan para se enforcar a segunda-feira.
Il suffira d’une étincelle
D’un mot d’amour pour
Allumer le feu
Allumer le feu
Et faire danser les diables et les dieux
Allumer le feu
Allumer le feu
Bastará uma faísca
Uma palavra de amor para
Acender o fogo
Acender o fogo
E fazer dançar os diabos e os deuses
Acender o fogo
Acender o fogo
Aliás, o Rock nunca foi contra o sistema, ele sempre foi a sua criança mimada. Contudo, deixando hoje a adolescência, não temos nem mais necessidade das editoras: a internet está aí, os sites para disponibilizar vídeos estão aí, o público tem escolhido aquilo que as gravadoras querem e não mais o contrário.
De qualquer forma, tendo gostado ou não de suas canções, indiferente às raízes de suas músicas, à máquina comercial, obrigado Roberto Carlos Braga e Jean-Philippe Smet. Obrigado Michael. Obrigado Henri. Vocês foram grandes. Agora, que venham os próximos.
Só quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno
E que tudo mais vá pro inferno